Captura e armazenamento de carbono: soluções promissoras para o “Net Zero”

/ novembro 5, 2021/ Difusão do conhecimento

O crescimento da demanda por energia em nível mundial tem obrigado a sociedade e agentes públicos a buscarem mecanismos que reduzam o despejo de dióxido de carbono na atmosfera, uma vez que é o principal contribuinte para a mudança climática antropogênica. Até 2050, prevê-se que a demanda global de energia duplique. Concomitantemente, espera-se que a produção de energia de origem fóssil decaia gradativamente até que se atinja um cenário de neutralidade carbônica: o Net Zero.

O carvão é um dos principais vilões do aquecimento global. Mesmo assim, alguns países que dependem dele para a retomada da cadeia produtiva, principalmente no pós-pandemia, podem estar distantes do compromisso da neuralidade carbônica. Durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), que ocorre neste ano em Glasgow, na Escócia, China, Estados Unidos e Índia já se posicionaram avessos a um tratado global para eliminação do uso de carbono. A China, em particular, mesmo tendo buscado tornar-se mais verde, ante a propositura de leis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, pediu que suas mineradoras produzissem carvão além da cota anual para debelar a escassez energética interna.

Enquanto o mundo caminha em direção a uma cadeia de energia sustentável, a captura e armazenamento de carbono (do inglês Carbon Capture and Storage, ou CCS) é atualmente uma das tecnologias mais promissoras para a redução de emissões de CO₂ e, consequentemente, das emissões globais de gases de efeito estufa. Tal técnica começou a circular na literatura na década de 1970, mas começou a ganhar corpo cerca de 20 anos mais tarde. Seu princípio básico é capturar o CO₂ gerado por atividades industriais onde há queima de combustíveis, transportá-lo para uma localização adequada e injetá-lo em formações geológicas profundas para armazenamento de forma permanente sem que haja escape para a atmosfera. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em seu sexto relatório de análise (AR6) considerou que a CCS é indispensável para o alcance das metas acordadas internacionalmente, tais como a manutenção do aquecimento global futuro dentro da margem de 2 °C.

A injeção de CO₂ em subsuperfície está sendo implementada especialmente pelo setor de petróleo e gás desde meados da década de 1990. Contudo, ainda existem desafios para que a CCS se converta em uma tecnologia totalmente integrada e comercialmente viável. O local para armazenamento também deve ser cuidadosamente avaliado. Em geral, são escolhidas formações geológicas apropriadas a exemplo de jazidas de petróleo e de gás natural esgotadas, jazidas de carvão sem atividade de extração e aquíferos com extensa capacidade de armazenamento e segurança de longo prazo. O mapa abaixo apresenta projetos significativos de CCS espalhados pelo mundo que armazenam centenas de milhares de toneladas de CO₂ por ano.

Mapa global de projetos de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS). Fonte: Scottish Carbon Capture & Storage, www.sccs.org.uk/map.

Existem numerosas fontes pontuais em todo o mundo com emissões de dióxido de carbono na escala de bilhões de toneladas por ano que poderiam adotar a tecnologia CCS. O impacto da utilização de CCS para a neutralidade carbônico e as tecnologias dela derivadas são alvos de pesquisa do TRIL Lab.


Autoria: José Wilker Silva, professor da UEPB e doutorando do TRIL Lab.

Imagem de capa: The Sleipner field in the North Sea, por Harald Pettersen / Equinor ASA. Fonte: https://bit.ly/3o3mKjx.

Atribuição: Licença Creative Commons CC BY SA.

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